Qualquer cirurgia realizada está sujeita a complicações médicas, sendo inerente ao procedimento esse possível risco. Com o transplante capilar não é diferente, podendo ocorrer com o paciente imediatamente à operação ou nos meses seguintes.
O transplante capilar é um procedimento tranquilo e seguro, desde que seja realizado por um profissional experiente e seguidas as recomendações necessárias. As complicações e riscos associados ao enxerto de cabelo são raros e de baixa gravidade.
Confira a seguir as possíveis ocorrências anormais da cirurgia, forma de prevenção e tratamento.
Complicações do transplante capilar
- Um inchaço na testa, geralmente discreto, pode surgir em 12% dos pacientes após a cirurgia, raramente vindo a evoluir também nas pálpebras, durando no máximo 48 horas. Drenagens linfáticas no couro cabeludo, face e pescoço, ainda que não obrigatórias, ajudam na redução do edema e devem iniciar no dia seguinte ao procedimento, sendo no mínimo umas cinco sessões. Compressas com gelo podem ser colocadas na testa para diminuir o inchaço, mas nunca em cima dos implantes.
- Na maioria dos pacientes a área doadora fica quase imperceptível após o transplante capilar. Entretanto, em alguns casos em que se realizam várias sessões pode ocorrer um alargamento de cicatriz dessa área, principalmente se retiradas de área doadora mais curta e larga. Para evitar esta complicação deve ser retirada da área doadora uma tira fina e comprida que permita fechar o local sem tensão. Se o alargamento de cicatriz já aconteceu o tratamento para resolver é a retirada da área alargada e o fechamento novamente do local.
- Em alguns pacientes, um pequeno percentual dos cabelos transplantados quando começam a nascer podem formar pequenas foliculites, pequenas pústulas que se parecem com espinhas inflamadas. Esses “cabelos encravados” são comuns até o 8º mês depois da cirurgia e somem de forma espontânea, mas também podem ser drenados pelo próprio paciente com uma pequena agulha estéril após receber orientação médica. Em casos raros podem evoluir para reação inflamatória local, sendo necessária a atuação do médico para a drenagem dos mesmos. Em ambas as situações não haverá interferência no crescimento dos fios e no resultado final da cirurgia. O tratamento e a prevenção da foliculite são através de antibiótico após a drenagem e durante todo o crescimento do cabelo.
- Apesar de raro, pode ocorrer um sangramento nos primeiros dias pós-cirurgia. A compressão local por 10 minutos feita pelo próprio paciente é suficiente para estagna-la.
- Uma complicação rara em transplante capilar é o surgimento de soluços no paciente que ocorrem logo após o procedimento. Costumam durar algumas horas e sumir espontaneamente.
- Logo após o transplante de cabelos, a área receptora fica temporariamente sem sensibilidade. Se o paciente não tomar os cuidados devidos, atividades básicas como sair do carro ou passar embaixo de uma porta mais baixa podem causar ferimentos na região transplantada que dependendo levam à necrose (morte da pele) da área receptora. No caso de uma necrose pequena, a cicatrização acontece e não há perda de cabelos, mas em necroses maiores pode ocorrer a queda dos fios transplantados. Mesmo que isso aconteça, o cabelo pode ser transplantado novamente após a cicatrização da região necrosada. Trata-se de uma complicação que pode ser facilmente prevenida se o paciente tiver atenção e tomar os cuidados pós-operatórios, descritos abaixo.
- Uma cicatriz de má qualidade no couro cabeludo, chamada queloide, apesar de muito rara pode ocorrer, sobretudo em pacientes negros. A prevenção deve ser realizada no exame clínico, perguntando ao paciente se este tem problema com cicatrização. O tratamento é através de medicações, betaterapia, retirada desta cicatriz e nova sutura local.
Cuidados após o transplante capilar
Antes e após a realização do transplante capilar, alguns cuidados devem ser observados para prevenir possíveis complicações e para que não haja nenhum tipo de alteração na evolução da recuperação. Uma avaliação clínica e laboratorial da saúde do paciente é primordial para a cirurgia ser feita com segurança. Após a cirurgia, as recomendações informadas pelo especialista devem ser cumpridas pelo paciente e as dúvidas que surgirem devem sempre ser tiradas com o médico ou sua equipe.
- O paciente deve ficar atento à posição depois da cirurgia. Ao chegar em casa, repousar mantendo a cabeça elevada por pelo menos 30 graus em relação ao corpo. Não há restrição na postura para dormir, desde que mantenha essa elevação da cabeça.
- Dirigir é permitido somente após 48 horas da cirurgia. Se houve necessidade de pontos na área doadora os mesmos devem ser retirados no 10º dia após a operação.
- Caso não tenha nenhum curativo no pós-operatório imediato, o banho está liberado já no dia seguinte ao procedimento. O cabelo deve ser lavado na clínica por um especialista, que irá explicar como o paciente deve proceder para as próximas lavagens. Deve utilizar o sabão prescrito para esta finalidade, jamais esfregar o couro cabeludo, enxaguar bem para não deixar resíduos de sabão, não usar ducha forte, secar a cabeça sem esfregar e utilizar uma toalha limpa e macia que será separada para esta finalidade. O secador de cabelo deve ser evitado, mas pode ser utilizado desde que em temperatura morna. Pentear o cabelo com um pente fino.
- Evitar a prática de esportes com bola por, pelo menos, 30 dias, sendo atividades de impacto como luta e musculação liberadas após 2 meses.
- Evitar a exposição ao sol por um período de, no mínimo, 30 dias., Banhos de piscina e de mar também deverão ser evitados nos primeiros 2 meses. Chapéus ou bonés podem ser usados desde que por um curto período e com folga, sem apertar a cabeça.
- Um bom relacionamento médico-paciente. O paciente deve informar ao médico o que espera da cirurgia. O médico deve explicar detalhadamente todo o tratamento e os limites da cirurgia ao paciente. Isto é importante para não criar falsas expectativas no paciente que não possam ser alcançadas pela cirurgia. A consulta médica é imperiosa antes da cirurgia.