Friday, September 22, 2023
NotíciaCárie e calvície, tem relação?

Cárie e calvície, tem relação?

Genética, situações de estresse, má-alimentação e até mesmo sequela da Covid-19 são algumas das causas mais comuns e conhecidas de queda de cabelo. Mas, o que a maioria das pessoas não sabe é que a saúde dos dentes também pode provocar a perda dos fios.

Já temos conhecimento de que todas as partes do nosso corpo estão interligadas, inclusive os dentes e o couro cabeludo. Há conexões neurais dos dentes com o crânio, o que significa que qualquer alteração dentária, como a cárie, pode afetar os cabelos e vice-versa.

Ficou curioso e quer entender melhor como é essa relação entre cárie e queda de cabelo? Siga com a gente na leitura desse texto.

O que a cárie tem a ver com a queda capilar?

Uma das formas de calvície, a alopecia areata, tem origem imunológica, em que o próprio sistema ataca os folículos pilosos, causando enfraquecimento e consequentemente a queda dos fios. Apesar da perda dos cabelos poder ser completa, na maioria das vezes ela aparece em certas áreas do couro cabeludo no formato oval, surgindo na cabeça uma espécie de círculos sem cabelo.

Dentre as principais causas da alopecia areata está o fator genético, em que a questão hereditária está presente em 20% dos casos. Mas há também outros causadores, como aspectos psicológicos, por exemplo ansiedade ou estresse. Além disso, existem algumas doenças associadas ao surgimento oda alopecia. Entre elas podemos mencionar asma, rinite alérgica, dermatite, disfunções da tireoide, vitiligo, diabetes juvenil, artrite reumatoide, lúpus e a mais curiosa, a cárie.

E de que forma a infecção dentária, como a cárie, impacta diretamente no couro cabeludo provocando a queda de cabelos? Ao identificar uma infecção oral, o sistema imunológico gera mais glóbulos brancos, que são células de mecanismo de defesa do corpo contra qualquer quadro infeccioso.

O que acontece é que esses glóbulos brancos são transportados pela corrente sanguínea por todo o corpo e podem atacar “erroneamente” alguns folículos pilosos que ficam fragilizados e acabam caindo, causando a alopecia areata.

Normalmente, o folículo piloso nunca é totalmente destruído, assim é comum a pessoa com alopecia recuperar os fios depois de um tempo, exceto em situações extremas em que o folículo é destruído por completo. Para evitar isso, é importante livrar-se da infecção do dente o quanto antes. Assim que resolvido o problema da cárie, a infecção bucal é cessada e os glóbulos brancos deixam de atacar e destruir os folículos pilosos, fazendo com que o cabelo volte a crescer.

Entretanto, é preciso deixar claro que a regeneração dos cabelos não é tão rápida quanto o tratamento da cárie, podendo levar meses a recuperação dos folículos pilosos atingidos, a depender de como a alopecia avançou e se não impactou de maneira excessiva esses folículos. Logo, um tratamento tardio de cárie pode levar a uma perda capilar irreversível.

O tratamento para evitar a calvície em decorrência da cárie é cessar a infecção no dente responsável pela destruição dos folículos pilosos. Neutralizada a infecção na boca, os glóbulos brancos param de atacar a raiz dos cabelos e dessa forma os fios, caso o folículo não tenha sido destruído por completo, voltam a crescer normalmente. Em geral, folículo piloso nunca é destruído totalmente, de forma que pacientes com alopecia recuperam os cabelos após um tempo do problema de cárie.

Os tratamentos para a alopecia areata são indolores, sendo os mais utilizados o minoxidil, a finasterida e a aplicação de loção com corticosteróides ou infiltrações com injeção na região afetada do couro cabeludo. O transplante capilar jamais é recomendado no caso de alopecia, pois o cabelo implantado também pode ser atacado posteriormente pelo sistema imunológico e sofrer a queda.

Queratina e seu efeito nos dentes

Mas atenção, porque o contrário também pode acontecer, já que segundo um estudo americano alguns tipos de queratina capilar também são encontrados no esmalte que protege nossos dentes de infecções, como cáries. Bem, os cientistas viram como a queratina do cabelo é crucial para o esmalte, de modo que defeitos, diminuição ou mutação desse componente aumentam o risco de uma infecção ou defeito dentário.

A explicação para a ligação entre a queratina do cabelo e o esmalte dos dentes é por causa dos cabelos e dentes serem da mesma origem embrionária. O fio de cabelo é composto de filamentos de queratina e os dentes são feitos de proteínas do esmalte. Quando tais proteínas são degradadas, minerais as substituem, exceto uma pequena parte de material orgânico. É nessa pequena fração que os cientistas descobriram a presença e as características da queratina capilar.

A pesquisa mostrou ainda que determinadas mutações da queratina do cabelo estão associadas à mudança na estrutura e no brilho dos dentes e a uma redução na dureza destes. Portanto, a queratina do cabelo é um componente essencial do esmalte do dente e suas modificações estão vinculadas a um maior risco de cáries ou outros problemas dentários. Assim, essas proteínas compartilhadas mantêm uma relação entre a saúde e a beleza dos nossos cabelos e dentes.

Logo, fica o alerta para a importância de pacientes com alopecia areata e outros tipos de queda capilar procurarem um dentista para uma avaliação e diagnóstico de possíveis infecções dentárias, que independente de afetarem o couro cabeludo e os cabelos, devem ser tratadas a tempo, mas a urgência se torna ainda maior para evitar uma perda de cabelo irreversível.

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